Todas as cartas de amor săo
Ridículas.
Năo seriam cartas de amor se năo fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Tęm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que săo
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que săo
Ridíículas
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
Săo naturalmente
Ridículas).
Álvaro de Campos (1935)
quinta-feira, 12 de maio de 2011
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