SOLITÁRIO
Doze meses me separam da largada
Do porto de Lisboa, da Lusa Atenas,
Mas ainda outros tantos da chegada
Me faltam p’ra regressar sem minhas penas…
Mais doze meses terei que respirar
Este ar tão quente, soturno e pegajoso;
Esse dia no entanto há-de chegar
E por ele vivo, sofro, estou ansioso…
Entrementes eu aqui sem companheira,
Sem ter mulher dedicada à minha beira
Ou, talvez, só por simples contradição
Revolta-me este estado celibatário
E cada vez mais me sinto SOLITÁRIO
Nestas paragens, ignotas, do sertão…
(Escrito em Angola em 17/07/1965)
quinta-feira, 26 de maio de 2011
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Cartas de Amor
Todas as cartas de amor săo
Ridículas.
Năo seriam cartas de amor se năo fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Tęm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que săo
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que săo
Ridíículas
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
Săo naturalmente
Ridículas).
Álvaro de Campos (1935)
Ridículas.
Năo seriam cartas de amor se năo fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Tęm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que săo
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que săo
Ridíículas
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
Săo naturalmente
Ridículas).
Álvaro de Campos (1935)
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