SOLITÁRIO
Doze meses me separam da largada
Do porto de Lisboa, da Lusa Atenas,
Mas ainda outros tantos da chegada
Me faltam p’ra regressar sem minhas penas…
Mais doze meses terei que respirar
Este ar tão quente, soturno e pegajoso;
Esse dia no entanto há-de chegar
E por ele vivo, sofro, estou ansioso…
Entrementes eu aqui sem companheira,
Sem ter mulher dedicada à minha beira
Ou, talvez, só por simples contradição
Revolta-me este estado celibatário
E cada vez mais me sinto SOLITÁRIO
Nestas paragens, ignotas, do sertão…
(Escrito em Angola em 17/07/1965)
quinta-feira, 26 de maio de 2011
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